sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Revista para gordinhos???

Pessoal,
tenho uma aluna muito querida, a Isabel:
Como vocês podem ver, ela emagreceu muito e não foi só isso, APRENDEU A SER MAGRA, agiu como uma POSSIBILIDADE e reverteu o quadro de obesidade definitivamente. Ela tem participado de minhas palestras e como o tema dessa semana é "Publicidade X Gordinhos", ela me enviou um e-mail comentando sobre uma crônica que leu.
Não dava para não compartilhar com todos vocês!
Minha opinião é que todos merecemos mais autoestima, mais atenção, respeito... independente do tamanho, porém precisamos estar alertas para não nos tornarmos alvos de consumo, pois por traz de uma mensagem de "aceitar-se como é...", podemos cair no conformismo e ser vítimas do interesse: "vender mais" não importa o que e nem para quem desde que o objetivo seja atingido: OBTER LUCRO!
E mais... emagrecer com saúde e para sempre é possível, isso não é propaganda, basta olhar para a Isabel... VOCÊ É UMA POSSIBILIDADE, também!


São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010 Folha de S. Paulo Ilustrada
MARCELO COELHO

Gordura para todos

Já que tudo pode se transformar em "nicho de mercado", é apenas uma questão de tempo para que tudo se transforme em revista.
Pensando assim, até que demorou muito para o surgimento de uma revista de moda voltada para mulheres acima do peso. Recebo o primeiro número de "Beleza em Curvas" (editora Digicamp).

Trata-se de uma "revista para quem ampliou o seu espaço para ser bonita", diz a capa. E só num desbragado esforço de eufemismo estamos falando de "gordinhas", de pessoas com "alguns quilinhos a mais".
As fotos, as dicas de consumo e os discursos de autoestima se voltam para mulheres em estado de categórica obesidade. Existe "vida feliz acima do tamanho 46", diz o editorial. "Viemos para dar espaço para todas as mulheres reais deste gigantesco, miscigenado e plural país", continua o texto.
Gigantesco? Difícil saber se há controle consciente sobre os jogos de palavras que, naturalmente, ficam de tocaia quando se escreve sobre um tema tabu, como o da gordura feminina.
Domínio de texto , de qualquer modo, não é o forte dos redatores da revista. Cada página traz quantidades imoderadas de erros gramaticais, e o leitor deve estar preparado para encontrar frases como esta: "O amor é uma palavra antiga, mas um conceito pouquíssimo utilizado no geral".
Ou ainda esta: "Numa antiguidade quase presente, a mulher era vista pelos maridos como reprodutora feminina".
Mas vamos em frente. São tantas as páginas de mulheres realmente gordas, jovens, bem maquiadas e afirmativas, que o principal objetivo psicológico de "Beleza em Curvas" acaba por ser alcançado: naturaliza-se um pouco a obesidade e reforça-se a sensação de como também é estranho o padrão da anorexia.
Uma vez posta em funcionamento, a lógica "revisteira" já não consegue parar: tudo pode ser entendido da ótica obesa. De Rubens a Botero, a pintura dará assunto para muitas edições. De Preta Gil a Marilyn Monroe, sempre se pode destacar alguma celebridade menos obcecada com a balança.
Apesar disso, há limites para essa "ação afirmativa", ou melhor, "autoafirmativa". Um assunto não pode deixar de ser tabu nas páginas de "Beleza em Curvas".
Trata-se da comida. A única reportagem sobre o tema insiste na importância da alimentação saudável: cenouras, tomates, grãos de soja. A mulher gorda e bem resolvida parece ter, aqui, a curiosa característica de não se interessar por chocolate ou marzipã.
É dinâmica, esportiva, sensual. Alimenta-se com moderação, veste-se bem, não tem complexos.
Ou seja, é uma mulher magra -só que com mais peso. A contradição vem à tona num só momento da revista: uma reportagem sobre cirurgias de redução do estômago. A afirmação da gordura convive com a sua negação.
O "padrão anoréxico" pode ser criticado. Mas há outra ditadura, na verdade, a ser combatida -e uma revista para gordas não difere de qualquer outra revista nesse aspecto. Trata-se da ideia de que, por uma espécie de auto-hipnose regada a muito consumo, você pode ser feliz sendo como é.
"Ser como você é", nessa linguagem, equivale a ter um lugar definido no mercado consumidor. Sua identidade se afirma pelo que você consome -e assim se criam, em última análise, obesos de todos os tipos: os de comida e os de cosméticos, os de aparelhos eletrônicos e os de livros...

Obs. Não publiquei o texto na íntegra, apenas o que se referia a tal publicação!
Beijinhos,
Roseli Masi

14 comentários:

Unknown disse...

Oi, Rô. Que surpresa boa ver que você me colocou no seu blog! Agora sou mesmo uma celebridade!
Legal compartilhar com seus leitores essa crônica: precisamos ficar espertos pra não cair no conformismo e na auto-indulgência -- apenas por conveniência de quem está de olho não no nosso bem-estar, mas no nosso dinheirinho... Somos, sim, uma possibilidade!
Beijo!

Anônimo disse...

Oi, Roseli!
Faz um tempo que leio seu blog/site, e tudo da Meta Real. Não sou gorda, e estou de bem com meu corpo seguindo umas dicas aqui e outras ali... Enfim, estou melhor do que nunca.
Mas ao ler esse post hoje, fiquei um pouco surpresa pelo teor um pouco preconceituoso... Eu acho que ninguém é gordo porque quer, e escolher ser feliz - mesmo não estando de bem com o espelho - já é uma escolha difícil o suficiente para que quem conseguiu sair deste estado e ficou pretencioso critique e julgue. Auto estima não é auto indulgência... Se respeitar a gente tem que fazer o tempo todo, esstando magro ou gordo. Acho que a idéia da revista e de tantos outros meios de comunicação não é o acomodamento, mas um pouco de auto-aceitação - que é fundamental pra começar qualquer processo de melhora (principalmente o de emagrecimento).
M.

ROSELI MASI disse...

Oi Isabel,
que bom tê-la por aqui também. Você sempre contribui com comentários pertinentes na palestra e agora temos sua participação aqui no blog, essa crônica que me enviou é ótima!
Bjse obrigada!
Ro

ROSELI MASI disse...

Olá M.,
fico feliz que acompanhe o blog e os assuntos relacionados a Meta Real. Talvez tenha soado preconceituoso para você, entretanto o objetivo de mostrar essa crônica aqui é exatamente o contrário disso! Tanto eu quanto a Isabel e tantos outros leitores, passamos pela experiência do excesso de peso e sabemos como é fundamental a auto-aceitação para emagrecer definitivamente. O que apontei quanto a essa revista está relacionado ao assunto que foi abordado durante a semana nas aulas da Meta Real, nas quais mostramos o quanto a mídia em geral interfere na vida da pessoa e que por traz da faxada de "produto bonzinho" existe um único interesse: vender mais!
Justamente por respeitar e acreditar nas pessoas que enfrentam o excesso de peso é que fazemos esse alerta!
Será que a revista quer que essas pessoas tenham mais autoaceitação ou querem atingir uma fatia do mercado que está em franca expansão?
Nós da Meta Real queremos contribuir para que as pessoas não só emagreçam e sim, que elas possam aprender mais sobre suas próprias escolhas!
Abraços,
Roseli Masi

Sobre Moda e Aprendizado disse...

Bom dia Roseli, meu nome é Marcela, sou editora da revista Beleza em Curvas e posso te afirmar que nosso objetivo não é de levar uma mensagem de conformismo, mas de fazer com que as pessoas se olhem, enfrentem seus espelhos, aprendam a se amar e recuperem a autoestima perdida e sobretudo redescubram-se como pessoas. Eu, já não aguento mais ver dezenas de pessoas sentindo-se massacradas por olhares e comentários maldosos e preconceituosos. Não quero ninguém no caminho do conformismo, muito pelo contrário, quero pessoas que se amem e se respeitem o suficiente para poder estar inconformada. Pessoas conscientes para se aceitar e decidir a sua melhor maneira de viver. Quando vc faz a análise da publicidade x gordinhos, talvez devesse se deter mais na autoimagem negativa por tantos anos transmitidas sobre os gordos e tentar conhecer mais um veículo que tenta mudar isso. Fazer revistas é negócio, é o meu negócio. Mas, mais do que isso, uma revsita tem uma missão e a nossa é com o bem estar das pessoas. E todas as pessoas devem saber que existem várias possibilidades.

Anônimo disse...

Olá...concordo com vc que temos q ficar atentas, porém... pq uma revista, ou qualquer outra coisa direcionada a melhorar a aceitação do gordinho por ele msmo e pela sociedade, gera tanta polemica? Fato é se a saúde esta em dia, pq ele não pode se sentir bem? Ser "bem" retratado(a) pela mídia,sem ridicularizações. E ter sim uma revista, ou quem sabe um programa de tv, que de dicas de moda, saude, beleza etc, direcionadas a ele e não dicas de dietas p/ q perca peso para poder aproveitar as dicas de moda q não são p/ ele.
Acho valido tanto esse blog, qto a revista.Cada um ajudando dentro da sua proposta. =)

Valérie Roberto disse...

oi RO!!!

O assunto sempre é delicado.
Primeiro, porque atrás de toda ação existe uma intecionalidade. Ninguém iria fazer uma revista para obesos (vamos parar de eufemismos que não emagrecem ninguém) se não houvesse um mercado crescente (ou engordativo)

Sim, claro, todas merecem ser felizes e lardear aos 4 ventos o quanto o são. Mas achar que tudo que é feito pelo mercado para valorizar esta felicidade é puramente porque ela é amada por ele, é se enganar.

Eu não conheço uma, mas uma mulher que esteja satisfeita com seu peso, seja ela magra ou obesa. E obesa muito menos.

Eu não me conformo com o meu peso, quero ser magra, vou ser magra e esquecer de uma vez por todas que um dia fui obesa. Eu mereço, todos merecem viver plenamente sem conformismo. Me desculpe as que levantam a bandeira da felicidade acima de 46, mas eu não acredito nisso. Felicidade total, eu não acredito.

Um beijão!

ROSELI MASI disse...

Marcela,
agradeço sua participação aqui no blog e acredito que as divergências de opinião são sempre válidas. Podemos aprender mais e/ou manter nossas convicções e muitas vezes até mais fortalecidas.
Que fique claro que não tenho nada contra as pessoas que têm sobrepeso ou obesidade, pois já vivi na pele todo o preconceito que você menciona e acredito que independente do peso, do tamanho, da cor, do sexo...etc, todos temos nosso valor e que esse merece ser respeitado!
Justamente por esse fato e por NÃO ACEITAR "a autoimagem negativa por tantos anos transmitidas" (como você mencionou) é que fui em busca do emagrecimento, pois ter peso normal e alimentação adequada é o NATURAL para o ser humano.
Uma vez que emagreci 30 kg, decidi levar essa experiência para mais pessoas, pois acredito que por mais que pareça difícil emagrecer e se manter no peso adequado (mantenho há 18 anos) isso é possível!
Penso que aquele que busca uma verdadeira autoaceitação ou bem estar não vai encontrar isso através de roupas que caiam bem, de olhar-se no espelho e não se criticar etc; se estiver carregando no corpo mais peso do que ele pode suportar.
Aquele que realmente se redescobre como pessoa quando está acima do peso vai buscar uma solução para isso. Como pode haver bem estar se a pessoa come por emoções e sentimentos reprimidos?
Como pode haver bem estar se a obesidade encobre, não só uma forma física natural, como também aspectos do nosso ser que não queremos revelar nem mesmo para nós mesmos?
O que não ACEITO, pelo menos para mim, é que tratem o excesso de peso como normal, que aceitem a obesidade como uma condição adaptável, seja através do espelho ou da sociedade ou na maneira de se vestir ou outros.
Comer e estar gordo, tudo bem?
E se drogar? Perambular nas ruas? Isso não... ninguém aceita! Não dá para buscar um bem estar nessa condição!
Qual a diferença em relação ao comer em excesso? Obesidade também gera doenças, diminui o tempo de vida, acaba com o bem-estar físico e psicológico, isso não é preconceito, é nossa NATUREZA!
Nascemos para ter peso e alimentação NORMAIS!
Conheci sua revista, as duas primeiras edições e concordo que seja um negócio! Mantenho minha opinião, que independente do conteúdo da mesma, o objetivo é vender, pois há uma fatia de mercado para isso e se a mesma não for "aceita" não poderá se manter na ativa. Entendo que você tenha um opinião sobre a missão da sua revista e respeito. Minha intenção não é criticar sua revista, porém me reservo o direito de ter uma opinião em relação a bem estar, diferente da mesma!
Seja com sua revista ou com o meu trabalho, sempre haverá “pessoas conscientes para se aceitar e decidir a sua melhor maneira de viver”(palavras suas). Algumas vão decidir pelo emagrecimento, outras não... pode até ser que encontrem o tal bem estar acima do peso... eu não encontrei! Percorri outro caminho!
Boa sorte para você! Boa sorte para mim! E para quem está acima do peso, que use seu livre arbítrio para fazer a escolha que julgar mais adequada!
Abraços,
Roseli Masi

ROSELI MASI disse...

Olá anônimo,
obrigada pela sua participação.
Talvez esse assunto gere tanta polêmica por não ser ainda bem resolvido... O que voce menciona sobre dicas, moda etc acho muito válido para ser usado durante o processo de emagrecimento até encontrar um peso natural e saudável para si mesmo. Tenho minhas dúvidas em relação à saúde e sobrepeso, pois pelo que as pesquisas científicas mostram... é só uma questão de tempo para as conseqências da obesidade se manifestarem. De qualquer modo, sejam poucos ou muitos quilos, aquilo que está em excesso sobrecarrega nossas articulções, coluna... é só carregar o dia inteiro 2 pacotes de 5kg de arroz e verificar como se sente no final do dia... ou pensar, quando vamos ao supermercado e temos que carregar as sacolas cheias de compra... cansa, né?
Acredito (e repito, mencionei na postagem anterior) que merecemos respeito e ridicularizar, seja por excesso de peso ou qualquer outra condição é intolerável!
Tanto a revista quanto meu blog tem suas boas intenções, cada um que filtre o que lhe convier... Não tem certo, não tem errado, tem o que serve ou não serve para cada pessoa!
Abraços,
Roseli Masi

ROSELI MASI disse...

Val, querida! Quanta saudade! Faz tempo que não aparece aqui... Tenho acompanhado seu blog e continuo acreditando que VOCÊ É UMA POSSIBILIDADE! Todos nós somos!
O emagrecimento não pode virar uma neura, porém não pode cair no esquecimento.
Felicidade também é equilíbrio...
Beijinhos,
Ro

Fábio disse...

Olá Roseli...
Me parece que a crítica neste artigo sobre a revista se concentra, com maior intensidade, na questão mercadológica da revista, e cabe como um alerta às pessoas, para que saibam distinguir quando ha alguém se servindo de sua condição para lucrar, e quando ha um interesse real no bem estar da pessoa... correto?

Pra mim, este é um ponto de altíssima abiguidade, porque certamente você não faz palestras de graça, estou errado? creio que ha uma junção entre a sua boa intenção em transmitir métodos para um sucesso pessoal, estimulo e autoestima com uma fonte rentável o suficiente para que vc possa se concentrar bastante nisso... Há um publico crescente que está interessado em emagrecer e ficar "bem", a diferença é que ajudar quem quer sair do sobrepeso soa muito mais "filantrópico" do que mostra-lhes como manter-se contente e satisfeita dentro dele...

O sobrepeso PODE levar à obesidade, e a diversos males à saúde, fato! mas conheço estudos mostrando que não ha uma regra nisso, que metabolicamente as pessoas podem manter-se acima do IMC "aceitável" desde que não tenham os tais hábitos nocivos, que geralmente são relacionados a gente gorda, mas que não se limitam a elas...

Talvez, do seu ponto de vista, e por ja ter sofrido com o sobrepeso, seja difícil compreender que a felicidade pode existir em tais condições, mas para muita gente, e compreendo que seja este o intuito da revista, a pessoa pode e deve enxergar sua beleza, mesmo estando fora dos padrões sociais, mesmo que ela queira emagrecer, ela deve perceber que HOJE, mesmo gorda, ela é bonita, e que amanhã mesmo que emagreça, permanecerá bonita...

Produto por produto, tudo é. Da mesma forma que sempre haverá gente gorda, também sempre haverá quem precise de estimulo para emagrecer, e esteja disposta a pagar por isso.

Forte abraço, sucesso!

ROSELI MASI disse...

Olá Fábio,
agradeço sua participação. Minha opinião a respeito do assunto já foi exposta anteriormente. Devido a ambiguidade do assunto se continuarmos a discutir pontos de vista, talvez não cheguemos a um ponto comum, portanto como ambos realizamos trabalhos no mesmo segmento com proposta de bem estar e "lucratividade", cabe ao público interessado tirar suas próprias conclusões. Vale lembrar que é o público que mantém ativo qualquer serviço, independente das intenções de quem o executa, pois sem o público não há serviço! A Meta Real é uma empresa que está no mercado há 24 anos, sou palestrante há 17 anos... desejo o mesmo sucesso à você!
Abraços,
Roseli Masi

Anônimo disse...

Roseli, boa tarde.

Me chamo Marcella e sou aluna da Marcia Acunzo.
Eu não consegui fazer a minha autoimagem e colocando esta dificuldade para minha orientadora, ela indicou que eu te procurasse, pois você teria um contato de quem faz. Você pode, por favor, me passar o contato da pessoa?
Muito obrigada.
Abs.

Anônimo disse...

Roseli, boa tarde.

Me chamo Marcella e sou aluna da Marcia Acunzo.
Eu não consegui fazer a minha autoimagem e colocando esta dificuldade para minha orientadora, ela indicou que eu te procurasse, pois você teria um contato de quem faz. Você pode, por favor, me passar o contato da pessoa?
Muito obrigada.
Abs.