quarta-feira, 29 de julho de 2009

A academia - Ricardo Freire (continuação)

Você paga a matrícula e... quem diz que pode trocar de roupa e fazer a primeira aula de step da noite? Impossível. Se você pudesse sair da recepção direto para o vestiário, talvez ficasse supermotivado a frequentar a academia todos os dias - o que seria um desastre econômico para o sistema, cujo lucro depende justamente da sua falta de disposição. Não, não e não. Você está proibido por lei de produzir um pingo de suor antes de passar por uma tal de Avaliação Física.
Alegando problemas na agenda dos avaliadores físicos, a recepcionista malhada só vai marcar a sua Avaliação Física para dali a 72 horas, quando a sua vontade de tomar jeito já tiver arrefecido. Pois bem, Quando chega finalmente o dia, você descobre que a Avaliação Física nada mais é do que uma bateria de situações cuidadosamente elaboradas para abalar o moral do mais autoconfiante dos seres humanos. Você jamais poderia imaginar que tanta humilhação coubesse em tão pouco tempo. Antes de entrar na sala, você estava fora de forma; depois do exame, você está fora de si. Além de um personal trainer, você vai precisar de um psiquiatra.

Quem sobrevive a Avaliação Física é então abandonado à própria sorte num canto da academia, que é uma espécie assim de estacionamento de bicicletas ergométricas. Como se sabe, bicicleta ergométrica é algo tão desagradável que nem mesmo os fanáticos por academia usam. Em qualquer momento do dia, dezenas delas estão à disposição de quem quiser pedalar. Já as esteiras, que são máquinas próprias para uso de pessoas em pleno exercício do livre-arbítrio, estão eternamente lotadas - e você precisa colocar seu nome numa fila para andar uma mísera meia hora. Só que, ao contrário do pessoal que fica o dia inteiro na academia, você não pode ficar o dia inteiro na academia esperando vagar uma esteira.
Então eu pergunto: por que o dinheiro que as academias tiram de nós, os que pagamos e não frequentamos, é usado para comprar bicicletas e mais bicicletas, e não para comprar esteiras e mais esteiras? Por que não existem academias com "um aluno por esteira", assim como existem cursos de informática com "um aluno por micro"? Ora, ora: porque qualquer pessoa normal pagaria para não precisar subir numa bicicleta ergométrica. E, no final, acaba pagando mesmo.
Pensadores do outro extremo do espectro ideológico dizem que, no fundo, dependentes químicos de comida como eu e voc~e pagam a academia não para usar de verdade, mas apenas por desencargo de consciência. Segundo esses reacionários, nós pagamos a academia como os ricos da Idade Média compravam indulgências papais. Pagamos academia como os empresários fazem contribuições para partidos políticos na época de eleição. Molhamos a mão da recepcionista sarada para ver se o pessoal lá de Brasília dá um jeito de a gente entrar em forma sem fazer força.
Será? Bem - se funcionasse, até que sairia barato.

Fonte: Efeito Sanfona
Ricardo Freire

Pessoal, o convite continua: Participe da aula da Meta Real essa semana e mude sua visão de atividade física! Aprenda a tirar benefícios no fato de se movimentar mais, conquiste mais qualidade de vida!
Se você já pratica, vai gostar de saber que tem feito um excelente investimento em você mesmo!
Espero por vocês!
Beijos,
Roseli Masi

4 comentários:

Cléria disse...

Nossa... estou chorando de tanto rir!!!!!! Muito legal esse texto!!!
Beijos
Cléria

ROSELI MASI disse...

Oi Cleria,
agradeço por sua visita! Eu me diverti com o livro todo, apesar de não dar uma estratégia para se livrar do efeito sanfona, quem já passou pela experiência da obesidade se identifica com a leitura!
Beijos,
Ro

Tatiana disse...

*risos* muito bom!!! :)

ROSELI MASI disse...

Tati,
que bom que se divertiu!
beijos,
Ro